sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

É NATAL - PARABÉNS


Nasceste tão isolado,
Numa noite fria e bela.
Mas por três Reis visitado,
Guiados por uma estrela.

Nasceste com uma Missão.
E com infinita bondade
Deste a vida e o coração
P’ra salvar a Humanidade.

Esperado com alegria
O Natal é das crianças;
Pois sentem a sua magia
Ao receber as lembranças.

Reencontram-se famílias
Todo o ano separadas,
Esquecem-se as quezílias
E fazem-se consoadas

Mas nesta celebração
Esquecem o essencial
A verdadeira razão
Da existência do Natal

Nesta azáfama geral
Esquecem, mas que ironia!
Que foi razão principal
Teres nascido neste dia…

Mas eu não posso olvidar
Que és a Verdade e a Luz…
Por isso te quero dar
Os parabéns, meu Jesus!


Dezembro 2015
Maria da Saudade Paiva

















quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

A FERA



De olhar felino e  sempre atento,
Ouvidos apurados a qualquer ruído;
Narinas abertas a algum movimento
Que por si não seja conhecido

A quem se aproxima mostra o ar mais feroz
Que afasta qualquer: animal ou humano;
Mas seu semblante mostra uma dor atroz
Por grande sofrimento, mágoa ou desengano.

Estará ferida de morte e quer acabar
Sozinha, movida por orgulho selvagem?
Não quer que a oiçam gemer ou chorar
Na partida para a sua última viagem?

De repente lança um grito arrepiante.
E numa mistura de alívio e dor,
Ergue-se um pouco, muda-se o semblante
E os seus olhos demonstram amor!

Não estava ferida, não estava a morrer,
Não estava sequer a fugir de ninguém!
Nas  suas entranhas havia um ser,
Que lutava para que ela fosse MÃE.



Autoria Maria da Saudade




quinta-feira, 26 de novembro de 2015

VELHO MENDIGO



Quando te vejo na rua
Com teu olhar suplicante,
Caminhando vacilante
Como perdido no mundo;
Eu pergunto-me: no fundo
Que história será a tua?


Nasceste dum acto de amor?
Foste o filho desejado,
Recebido com festejos
E com ternura tratado?
E conheceste dos beijos
E abraços o calor? 


Ou foste o indesejado
Fruto de um amor proibido?
Duma mulher desprezada
Que cumpriu seu triste fado
Sozinha e amargurada…
Numa vida sem sentido? 


E quando te vejo passar
Calças sujas, remendadas,
As tuas faces marcadas
Pela dor e sofrimento
Eu sinto nesse momento
Vontade de te abraçar. 


Quanta indiferença e desdém
Nos que passam apressados
Mesmo esbarrando contigo;
E por vezes ainda há quem
Te atire com uns trocados
Sem te olhar, velho mendigo!





 Maria da Saudade Paiva

ESPERANÇA




Verde é a tua cor
A expectativa no ar:
Uma vida melhor...
O amor que vai voltar !

As mãos duma criança
Um futuro risonho…
A paz e a bonança
Na tardinha dum sonho!

Um ribeirinho a correr…
Numa árvore um rouxinol,
Canta, enquanto houver
Uma só réstia de sol!

A vida que foi madrasta
D’alguém que não foi criança!
Uma vida que se gasta…
Mas nunca te perde…ESPERANÇA


Maria da Saudade Paiva

domingo, 30 de agosto de 2015

PRECE


Cansada desta luta desigual,
Apoiar alguém com a vida destroçada,
Eu sinto que é de puro cristal
A minha alma tão fragilizada!

Meu Deus, por favor, ouve esta prece.
Dá-me força para lutar a seu lado;
Ajuda quem tanto sofre e padece
Dá o alívio a quem está desesperado.

Tu que és todo feito de amor,
Meu Deus, ameniza a sua dor
Suaviza o seu tão forte penar.

Senhor, a teus pés eu grito e choro
E já desfalecida eu te imploro
Por favor... Dá-lhe forças p’ra lutar!

Maria da Saudade
Agosto de 2015

segunda-feira, 29 de junho de 2015

AMIGOS PARA SEMPRE


Ela é uma linda menina
Ele é um enorme cão
Ela chama-se Catarina
E ele Sebastião

Numa Noite de Natal
À sua dona foi dado
Um presentinho normal
Com um laçarote encarnado

Uma bolinha amarela
Com um olhar meigo e doce
Foi adoptado por ela
Como se  criança fosse

E assim viveu 3 anos
O feliz Sebastião
Até que um dia houve algo
Que mudou a situação

Após uma curta ausência
A sua dona voltou
Com uma nova aparência
E muito feliz lhe mostrou

Dormindo serenamente,
Muito bela e pequenina
Uma “amostrinha de gente”
Sua filha Catarina

Ele logo a adorou
Apesar de alguns ciúmes
Mas depressa se adaptou
À mudança de costumes

Perdeu o estatuto que tinha
Mas isso não o incomodou
E a sua “princesinha”
Ele nunca mais largou

E assim foram suavemente
Crescendo com amizade
Quando ela está ausente
Ele fica com saudade

Caminhando pela vida,
O tempo é-lhes indiferente
E então ninguém duvida
Que são amigos para sempre

Ela é uma linda menina
Ele é um enorme cão
Ela chama-se Catarina
E ele Sebastião

Maria da Saudade Paiva

Julho de 2005

OS MEUS VERSOS


Que em meus versos há poesia
Dizem-me amigos diversos;
Poetisa? Mas que ironia!
Escrevo...saem-me versos!

Caminham p’la mão do sonho
Minhas ideias singelas,
Cobertas p’lo azul risonho
Do céu, brilhante de estrelas.

E, ao fim das ruas compridas,
Evito olhar para trás,
Pois temo as duras partidas
Que a vida às vezes me faz.

Mas abro os olhos e... enfim,
Vejo os caminhos desertos
E fico, pobre de mim,
Sonhando de olhos abertos!

Maria da Saudade Paiva


Julho de 2012

NÁUFRAGA


Naufraguei num mar de mágoas,
Perdida por não te ver.
Meus soluços são as ondas
Dessas turbulentas águas
Que o teu desamor provocou.
Eu já nem sei onde estou
Não sei, nem quero saber!

Navego ao sabor da maré
Estou calma e tenho fé
Que voltarás a ser meu…
Mas de repente uma onda
Toma a figura hedionda
Do Gigante Adamastor


Paralisa-me o pavor!

Bate mais o meu coração
Perante essa horrível visão!
E sei que vou perecer,
Já não me interessa viver.
Sei que mal a noite caia
O vento me vai levar
Para que eu morra na praia !

Maria da Saudade Paiva


Abril de 2004

sábado, 6 de junho de 2015

VOU DESPIR-ME


Vou despir-me de mim
E dos meus sentimentos.

A esta dor vou pôr fim

E calar meus lamentos


Como um simples palhaço,
Eu vou rir e brincar.
Vou esquecer meu cansaço
E parar de chorar

Vou sorrir para todos,
Pois amigos não tenho...
P’ra mudar os meus modos
Não faltará engenho

Tenho o cantar das aves,
A imensidão do mar,
E as noites suaves
P’ra o meu sono embalar

Vou despir-me por dentro
Onde ninguém me vê
Tenho a força do vento
Ter amigos….. p’ra quê ?



Autoria: Maria da Saudade Paiva
Novembro 2007

quinta-feira, 4 de junho de 2015

LIBERTAÇÃO


Vivi muito… estou cansada!
Sei que amei e fui amada,
Mas não foi suficiente
P’ra alcançar a felicidade.
Tropecei na mesquinhez
Na mentira e hipocrisia.
Conheci de tudo um pouco:
Amigos sinceros e leais
Alguns menos, outros mais.

Fui amante, esposa e mãe…
Mas isso não valeu nada,
Porque me sinto tão só;
Pouco mais que um objecto
Que nem a sofrer tem direito.
Meu Deus, sinto-me tão vazia!
Sem alma nem coração;
Resta-me esperar, serena , o dia
E a hora da Libertação.

Desejo,  nem sabes quanto…
Que mesmo negra e gelada,
Arrepiante,  assustadora…..
Como  és  imaginada,
Com teu cheiro putrefacto,
Me recebas nos teus braços,
Me envolvas no teu negro manto,
Que mudes a minha sorte
E me leves contigo…….MORTE

Maria da Saudade Paiva

 Abril 2010

SINTRA


Quanta beleza e mistério
No teu porte altivo e sério
Sempre lembrando o passado;
No Outono, as folhas caídas
Giram no chão ressequidas
Em harmonioso bailado

Foste cenário de amores,
Poetas e trovadores
Cantaram a tua beleza.
Monte da Lua, formosa
Serena e radiosa
És um hino á Natureza

Ferreira de Castro, o escritor
Cujas obras são tesouros
Da cultura nacional
Junto ao Castelo dos Mouros
Sepultou-se, por amor
A ti, Sintra Medieval!

E quando a noite te invade
Ficas bela, adormecida;
Quase doido de saudade
É o Palácio da Pena,
Com a sua luz amena
Que te traz de novo à vida!

Maria da Saudade Paiva

Abril de 2008