quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

MATILDE (Acróstico)


Este acróstico é dedicado à minha neta mais nova, loira e estaladiça, como uma pipoquinha.


Minha pipoquinha tão gostosa
Alegre, sempre a rir e a brincar
Tu tens a beleza duma rosa
Inda em botão, por desabrochar
Ladina, com a tua risada atrevida
Dás alegria a quem te ama e rodeia,
E eu adoro-te, és o Sol da minha vida.

Maria da Saudade Paiva

Setembro 2015

CATARINA LUISA (Acróstico


Este acróstico é dedicado à minha primeira neta uma menina alegre e de sorriso doce, que eu adoro


Criança meiga e traquina,
Alegre como uma canção.
Tu serás sempre menina,
Amada do meu coração.
Ri, brinca, corre e canta
Inocente, sem vaidade ;
Não recues perante nada,
A vida não é só maldade.

Luta sempre pelo amor,
Usa coragem e paixão,
Ignora o que é fácil e breve.
Se seguires o teu coração
A vida será mais leve

Maria da Saudade Paiva

Novembro 2005

SEI QUE PAREÇO UM LADRÃO (Glosa)


SEI QUE PAREÇO UM LADRÃO

MOTE   (Quadra de António Aleixo)


Sei que pareço um ladrão...
Mas há muitos que eu conheço
Que, não parecendo o que são,
São aquilo que eu pareço.
            

Quando tu passas airosa
Eu me escondo no portão.
Para ti roubo uma rosa
Sei que pareço um ladrão...

Todos acham que és visão,
Duma beleza sem preço.
Nenhum é engatatão…
Mas há muitos, que eu conheço...

A tua imagem linda,
É p’ra eles tentação.
São malandros, mesmo ainda,
Que não parecendo o que são.

Chamam-me conquistador
E ao ouvir tal, me enfureço.
Os que me acham sem pudor,
São aquilo que eu pareço



Maria da Saudade Paiva

NATUREZA


Cansada de chorar as minhas mágoas,
Tentando aliviar minh’amargura,
Vi um ribeirinho cujas águas
Deslizavam cantando entre a verdura!

Comovida com esta singeleza
Senti tanta paz e tranquilidade.
Percebi que a própria natureza
Me ensina o que é a felicidade!

Sorrio, e feliz, volto a sonhar
Ao ver a esplendorosa obra de Deus.
Adoro ouvir ribeiros a cantar
E ver o arco-íris lá nos céus.

E, assim, vou seguindo o meu caminho,
De novo com vontade de cantar.
E digo para mim, muito baixinho
Agora a minha sorte vai mudar!


Maria da Saudade Paiva

Abril de 2016.

DESESPERO


Porque brilha o sol nos céus,
Porque ainda cantam as aves?
E as noites são tão suaves,
Envoltas em belos véus,
Que esvoaçam com esmero,
Alheias ao meu desespero?

A minha alegria desfez-se
Como um castelo na areia
No rigor da tempestade,
Quando vem a maré cheia,
Perante a frieza de quem
Sempre esperei amizade!

Tudo é cinzento e vão:
Esta solidão infinita,
Esta tristeza maldita….
E este meu desespero,
Suicídio do coração…
Eu já nem sei o que quero!

Eu não quero mais sofrer….
Quero alcançar o impossível
Na minha loucura total.
Mas na minh’alma  insensível,
Eu que já nem espero o bem
Nunca temerei o mal!

Autoria: Maria da Saudade

Dezembro 2011

FINGIMENTO (Glosa)


O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
(Fernando Pessoa)


                I
O poeta é um fingidor
Nem sempre sente o que diz.
Por vezes finge uma dor
Mesmo que esteja feliz.

               II
Finge tão completamente
Uma mágoa que não tem,
Ele não sabe que mente
A si próprio, a mais ninguém!

                 III
Que chega a fingir que é dor,
Sabe ele e sabemos nós.
Mas por vezes é o amor
Que lhe dá ânimo e voz

                 IV
A dor que deveras sente
Não a sabe discernir.
Mas a verdade é que mente
No escrever e no sentir!



Maria da Saudade Paiva – 2013

MADEIRA

Com o teu mistério e encanto,
As águas em doce pranto
Quando brotam das nascentes,
E descem pelas vertentes,
Parecem querer dizer:
Como é bom aqui viver!

Encantam-me os teus bailados,
E os dançarinos curvados
Evocam a tua história,
A vida de pastorícia,
O amor, a escravatura,
A beleza e a glória.

E sentadas junto às portas
Em grupinhos conversando,
Estão as gentis bordadeiras.
As mãos hábeis tecem sonhos…
Mas os olhos já fechando
Sob o peso das canseiras.

De trajes multicolores
Lá estão a lindas “viloas”
Com os seus cestos de flores,
Para os meus olhos delícias:
Orquídeas e magnólias,
Buganvílias e estrelícias…

Quando morre o sol no horizonte,
Com o perfume de flores no ar,
E uma brisa leve como a vida
Acaricia a tua serena fronte,
Emoldurada pelo céu e pelo mar,
Ficas bela, qual noiva adormecida!



Autoria: Maria da Saudade