segunda-feira, 29 de junho de 2015

AMIGOS PARA SEMPRE


Ela é uma linda menina
Ele é um enorme cão
Ela chama-se Catarina
E ele Sebastião

Numa Noite de Natal
À sua dona foi dado
Um presentinho normal
Com um laçarote encarnado

Uma bolinha amarela
Com um olhar meigo e doce
Foi adoptado por ela
Como se  criança fosse

E assim viveu 3 anos
O feliz Sebastião
Até que um dia houve algo
Que mudou a situação

Após uma curta ausência
A sua dona voltou
Com uma nova aparência
E muito feliz lhe mostrou

Dormindo serenamente,
Muito bela e pequenina
Uma “amostrinha de gente”
Sua filha Catarina

Ele logo a adorou
Apesar de alguns ciúmes
Mas depressa se adaptou
À mudança de costumes

Perdeu o estatuto que tinha
Mas isso não o incomodou
E a sua “princesinha”
Ele nunca mais largou

E assim foram suavemente
Crescendo com amizade
Quando ela está ausente
Ele fica com saudade

Caminhando pela vida,
O tempo é-lhes indiferente
E então ninguém duvida
Que são amigos para sempre

Ela é uma linda menina
Ele é um enorme cão
Ela chama-se Catarina
E ele Sebastião

Maria da Saudade Paiva

Julho de 2005

OS MEUS VERSOS


Que em meus versos há poesia
Dizem-me amigos diversos;
Poetisa? Mas que ironia!
Escrevo...saem-me versos!

Caminham p’la mão do sonho
Minhas ideias singelas,
Cobertas p’lo azul risonho
Do céu, brilhante de estrelas.

E, ao fim das ruas compridas,
Evito olhar para trás,
Pois temo as duras partidas
Que a vida às vezes me faz.

Mas abro os olhos e... enfim,
Vejo os caminhos desertos
E fico, pobre de mim,
Sonhando de olhos abertos!

Maria da Saudade Paiva


Julho de 2012

NÁUFRAGA


Naufraguei num mar de mágoas,
Perdida por não te ver.
Meus soluços são as ondas
Dessas turbulentas águas
Que o teu desamor provocou.
Eu já nem sei onde estou
Não sei, nem quero saber!

Navego ao sabor da maré
Estou calma e tenho fé
Que voltarás a ser meu…
Mas de repente uma onda
Toma a figura hedionda
Do Gigante Adamastor


Paralisa-me o pavor!

Bate mais o meu coração
Perante essa horrível visão!
E sei que vou perecer,
Já não me interessa viver.
Sei que mal a noite caia
O vento me vai levar
Para que eu morra na praia !

Maria da Saudade Paiva


Abril de 2004

sábado, 6 de junho de 2015

VOU DESPIR-ME


Vou despir-me de mim
E dos meus sentimentos.

A esta dor vou pôr fim

E calar meus lamentos


Como um simples palhaço,
Eu vou rir e brincar.
Vou esquecer meu cansaço
E parar de chorar

Vou sorrir para todos,
Pois amigos não tenho...
P’ra mudar os meus modos
Não faltará engenho

Tenho o cantar das aves,
A imensidão do mar,
E as noites suaves
P’ra o meu sono embalar

Vou despir-me por dentro
Onde ninguém me vê
Tenho a força do vento
Ter amigos….. p’ra quê ?



Autoria: Maria da Saudade Paiva
Novembro 2007

quinta-feira, 4 de junho de 2015

LIBERTAÇÃO


Vivi muito… estou cansada!
Sei que amei e fui amada,
Mas não foi suficiente
P’ra alcançar a felicidade.
Tropecei na mesquinhez
Na mentira e hipocrisia.
Conheci de tudo um pouco:
Amigos sinceros e leais
Alguns menos, outros mais.

Fui amante, esposa e mãe…
Mas isso não valeu nada,
Porque me sinto tão só;
Pouco mais que um objecto
Que nem a sofrer tem direito.
Meu Deus, sinto-me tão vazia!
Sem alma nem coração;
Resta-me esperar, serena , o dia
E a hora da Libertação.

Desejo,  nem sabes quanto…
Que mesmo negra e gelada,
Arrepiante,  assustadora…..
Como  és  imaginada,
Com teu cheiro putrefacto,
Me recebas nos teus braços,
Me envolvas no teu negro manto,
Que mudes a minha sorte
E me leves contigo…….MORTE

Maria da Saudade Paiva

 Abril 2010

SINTRA


Quanta beleza e mistério
No teu porte altivo e sério
Sempre lembrando o passado;
No Outono, as folhas caídas
Giram no chão ressequidas
Em harmonioso bailado

Foste cenário de amores,
Poetas e trovadores
Cantaram a tua beleza.
Monte da Lua, formosa
Serena e radiosa
És um hino á Natureza

Ferreira de Castro, o escritor
Cujas obras são tesouros
Da cultura nacional
Junto ao Castelo dos Mouros
Sepultou-se, por amor
A ti, Sintra Medieval!

E quando a noite te invade
Ficas bela, adormecida;
Quase doido de saudade
É o Palácio da Pena,
Com a sua luz amena
Que te traz de novo à vida!

Maria da Saudade Paiva

Abril de 2008