quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

A FERA



De olhar felino e  sempre atento,
Ouvidos apurados a qualquer ruído;
Narinas abertas a algum movimento
Que por si não seja conhecido

A quem se aproxima mostra o ar mais feroz
Que afasta qualquer: animal ou humano;
Mas seu semblante mostra uma dor atroz
Por grande sofrimento, mágoa ou desengano.

Estará ferida de morte e quer acabar
Sozinha, movida por orgulho selvagem?
Não quer que a oiçam gemer ou chorar
Na partida para a sua última viagem?

De repente lança um grito arrepiante.
E numa mistura de alívio e dor,
Ergue-se um pouco, muda-se o semblante
E os seus olhos demonstram amor!

Não estava ferida, não estava a morrer,
Não estava sequer a fugir de ninguém!
Nas  suas entranhas havia um ser,
Que lutava para que ela fosse MÃE.



Autoria Maria da Saudade




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