quinta-feira, 26 de novembro de 2015

VELHO MENDIGO



Quando te vejo na rua
Com teu olhar suplicante,
Caminhando vacilante
Como perdido no mundo;
Eu pergunto-me: no fundo
Que história será a tua?


Nasceste dum acto de amor?
Foste o filho desejado,
Recebido com festejos
E com ternura tratado?
E conheceste dos beijos
E abraços o calor? 


Ou foste o indesejado
Fruto de um amor proibido?
Duma mulher desprezada
Que cumpriu seu triste fado
Sozinha e amargurada…
Numa vida sem sentido? 


E quando te vejo passar
Calças sujas, remendadas,
As tuas faces marcadas
Pela dor e sofrimento
Eu sinto nesse momento
Vontade de te abraçar. 


Quanta indiferença e desdém
Nos que passam apressados
Mesmo esbarrando contigo;
E por vezes ainda há quem
Te atire com uns trocados
Sem te olhar, velho mendigo!





 Maria da Saudade Paiva

ESPERANÇA




Verde é a tua cor
A expectativa no ar:
Uma vida melhor...
O amor que vai voltar !

As mãos duma criança
Um futuro risonho…
A paz e a bonança
Na tardinha dum sonho!

Um ribeirinho a correr…
Numa árvore um rouxinol,
Canta, enquanto houver
Uma só réstia de sol!

A vida que foi madrasta
D’alguém que não foi criança!
Uma vida que se gasta…
Mas nunca te perde…ESPERANÇA


Maria da Saudade Paiva